A
definição de desafios, objetivos da profissão, e a forma com que os
enfermeiros se relacionam com a sociedade, e com a equipe de enfermagem
têm como importante ponto para sua compreensão o tema da autonomia
profissional. No presente estudo buscou-se compreender a visão do
técnico de enfermagem, profissional que faz parte da equipe de
enfermagem, sobre a autonomia do profissional enfermeiro.
“Em
educação, o termo autonomia está ligado à condição do aprendente de
organizar seus próprios estudos, buscando fontes de informação e
conhecimento, e construindo um saber ligado aos seus próprios objetivos”
(WIKIPÉDIA, 2013).
No
caso do técnico de enfermagem estar ligado ao seu ambiente de trabalho,
se aprofundando cada vez mais em seus conhecimentos, se qualificando
para que de maneira autônoma possa defender seu ponto de vista de forma
clara e concisa.
Técnicos
de enfermagem são responsáveis por grande parte da assistência de
enfermagem prestada à população brasileira, de forma que a
problematização do processo de trabalho desta categoria possui
relevância no cenário nacional. Utilizou-se técnica qualitativa,
seguindo o relato oral para análise das opiniões, trajetórias e
experiências dos profissionais técnicos em enfermagem.
As entrevistas gravadas foram transcritas na íntegra para realização da análise. Os
relatos apresentados demonstraram que a questão da autonomia
profissional do enfermeiro é percebida em seu cotidiano de trabalho no
âmbito de suas atividades profissionais, em especial, na capacidade de
tomada de decisão e atrelado a figura de líder da equipe de enfermagem.
Os técnicos de enfermagem que participaram deste estudo percebem a
autonomia do enfermeiro em profissionais, que através de seu saber,
atuam de modo que sua prática lhes dê visibilidade e mostre sua
identidade com exercício efetivo da autonomia juntamente com sua equipe.
O
objetivo geral deste estudo é analisar, a partir da opinião dos
técnicos em enfermagem, a concepção de autonomia do profissional
enfermeiro para então refletir sobre a prática desse profissional, nos
aspectos da construção de sua autonomia.
Autonomia
ter certeza do que está fazendo, confiar no que faz. Há enfermeiros e
enfermeiros. Tem enfermeiro que tem total certeza do que está fazendo. E
eles vêem que é pelo conhecimento que adquiriram, pela relação que eles
têm com a equipe, a relação que eles têm com o paciente e com os outros
profissionais da equipe de saúde. Quando eles têm esse leque de
relações e o conhecimento, existe sim autonomia.
Por
conversar com outros profissionais que trabalham em hospitais públicos,
percebe-se em sua fala que isso depende muito de como é estruturado o
trabalho. Existem setores que não é o enfermeiro que toma a frente, é o
médico. Então, o enfermeiro fica sim submisso a ordens médicas. Mas como
é garantido por lei, o enfermeiro tem direitos de fala “não eu não vou
fazer”, optar, mas para isso ele tem que ter conhecimento. E também tem
aquele papel do início, de orientar os outros profissionais. Por ser
referência, ele acaba passando isso e muitas vezes percebe-se sua
autonomia ou não.
Direito
todo mundo tem, mas como cada um exerce? Por isso, HC UNICAMP efetuou a
pesquisa depois de liberado pelo comitê de Ética em pesquisa da
FCM/UNICAMP e a anuência da Superintendência e Diretoria do Departamento
de Enfermagem do Hospital de Clínica da UNICAMP.
“CRUZ
(2008, 47p) destaca que a formação dos técnicos de enfermagem e seus
processos de trabalho dão ênfase a ações que não valorizam o
conhecimento intelectual e sua articulação com outros saberes, tornando o
“saber fazer” norteador das atividades e o que possibilita a
compreensão da ênfase na prática no exercício profissional.”
Observa-se
na fala a relação feita pela profissional sobre sua concepção de
autonomia e o conhecimento do enfermeiro e capacidade de tomada de
decisões.
A
autonomia é uma prática para ser executada. Existe autonomia junto com
respeito. É uma prática para ser executada sim, mas não pode trazer
confrontos em relação a isso porque estão ali para fazer seu serviço e
estão ali para cumprir seu dever. E tem coisas que as enfermeiras vão
repassar tem-se que respeitar a autonomia da mesma.
Segundo BUENO e QUEIROZ (2006):
Afirmam que “A enfermagem só poderá adquirir plena autonomia quando o
cuidado passar a ser visto como uma esfera privilegiada na área da
saúde, tanto do ponto de vista científico como prático.”
Eles
relatam que somente uma mudança no modelo científico, poderia reforçar o
ato de cuidar em relação à aparência humano da medicina e que essa tal
desvalorização do cuidado, acaba introduzindo num processo de perda de
autonomia.
Uma
vez que esses processos fazem parte de um conjunto de ações pouco
valorizadas, sendo executada principalmente pelos técnicos e auxiliares
de enfermagem.
O
tema da autonomia do profissional no processo de cuidar no hospital
torna-se cada dia mais importante proporcionando a possibilidade de
rever a enfermagem, enquanto a tradição histórica bem articulada em
outras áreas cientifica. O processo de autonomia pressupõe que a equipe
de enfermagem possa interferir na definição das prioridades na
existência.
“A
subdivisão do trabalho pode promover a alienação do processo, além de
refletir na assistência prestada ao ser cuidado e interfere na autonomia
do profissional enfermeiro, já que este possui seu potencial de ação
diminuído (BUENO FMG, 2002).”
A
autonomia está direcionada a vontade do indivíduo, as influências
sociais e culturais neste estudo, escolher em realizar a reflexão
crítica do tema, questionando o senso comum do profissional enfermeiro, a
partir daí, analisa-se o profissional admitir ser necessário haver
mudanças em seu processo de trabalho que se faz sobre sua autonomia
cuidadora e viável ou pertinente.
A
saúde tem característica própria que inclui um conjunto de saberes e de
práticas com a finalidade de realizar uma intervenção sobre um
determinado problema de saúde.
Portanto,
conclui-se que a autonomia do enfermeiro tem despertado como área de
saber e de prática organizada dentro de um modelo mecanicista
hospitalar, está sendo contestado internamente, ainda que timidamente,
pelos próprios profissionais da enfermagem. Neste sentido, o enfermeiro
está se desligando da imagem de um profissional devoto e obediente,
atrelado tanto a uma concepção religiosa do cuidado como de um modelo
que promove exclusivamente a intervenção técnica voltada de um paciente
percebido meramente como uma maquina. Este rompimento, ao mesmo tempo
em que enseja uma crise, permite um inicio de revolução cientifica e,
conseqüentemente a construção de um modelo mais amplo na área da saúde.
Referências bibliográficas:
BUENO, Flora Marta Giglio. QUEIROZ, Marcos de Souza. O enfermeiro e a construção da autonomia. Revista Brasileira de Enfermagem REBEN, 2006.
BUENO FMG, QUEIROS MS. O enfermeiro e construção da autonomia profissional no processo de cuidar. Ver Bras enf. 2006,59 (2).
CRUZ
AMP. Formação de técnico de enfermagem no desenvolvimento de
competência para implementar a sistematização da assistência de
enfermagem, RS 120p. Dissertação (mestrado em enfermagem). Universidade
federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
MIOTO
OL. Formação profissional e trabalho: aspectos relativos aos técnicos
de enfermagem, SP 163p. Dissertação (mestrado em educação). Universidade
estadual de campinas: faculdade de educação campinas, 2004.
Wikipédia, A enciclopédia livre. Autonomia em Educação. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Autonomia.> Acesso em 24 de março 2013.
André Freitas
Denise Maia
Érica Corrêa
Everson Rodrigues
Isabela Souza
Shirley de Paula
Isabela Souza
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